quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nem tudo o que é de graça o povo quer



[artigo]
Em entrevista ao programa Amaury Jr., da Rede TV, discutindo sobre a inutilidade de programas como o Big Brother, a ex-mutante e ativista Rita Lee lançou uma idéia digna de aplausos. A roqueira propôs uma casa onde seriam enclausurados todos os pré-candidatos à presidência da República. Na casa, os candidatos debateriam seus respectivos programas de governo, sem influência de marqueteiros ou discursos ensaiados. O telespectador, eleitor ou contribuinte, teria a oportunidade de observar os candidatos durante às 24 horas do dia e, toda semana, através do voto, um político deixaria a casa. O vencedor ganharia o cargo máximo do país. Além de acabar com o cansativo horário político a sociedade teria a oportunidade de conhecer o político sem máscaras.



Pôr fim ao horário político seria mesmo uma maravilha, não? Imagine, caro leitor, se ver livre de toda aquela falácia dos candidatos pra sempre, o mundo não seria bem melhor? É realmente enfadonho, logo após o almoço, ou ao chegar em casa exausto após um longo dia de trabalho para movimentar o país e a conta bancária dos políticos em paraísos fiscais, deparar com figuras cômicas, enervantes caricaturas que ocupam todos os canais invadindo o lar. A expressão e o discurso são quase sempre os mesmos, exprimidos em diferentes vozes, sotaques, etnias, crenças e, claro, partidos. A variedade de coligações é algo que me impressiona, quando observo essas tantas siglas na TV, lembro dos bares da minha cidade. A impressão que se tem é que é tão simples e lucrativo criar um partido nos dias atuais, como é um boteco em cidades pequenas. As conversas nesses lugares também apresentam muitas semelhanças. Como por exemplo, as promessas que um bêbado faz e aquelas feitas por um político, ambas são facilmente esquecidas.




Conhecer o candidato sem máscaras, sem pontos no ouvido... ops! Em qual emissora deveria ser exibido a Casa dos Políticos? Rede Globo seria uma boa opção? Melhor não, já que o passado da emissora envolve muitas relações com a política. O diretor Boninho poderia puxar a sardinha para um lado em suas edições, assim como faz normalmente com “anônimos” que integram o elenco do Big Brother Brasil, todos os anos. Penso que a melhor alternativa seria as emissoras públicas. Se bem, que essas figuras políticas são tão “inteligentes” e gananciosas que acabam descobrindo uma forma de se envolver em escândalos na “casa”, assim como o fazem diariamente no Senado. Mas seria bem interessante se o formato seguisse a linha do BBBrasil. Quais seriam os critérios utilizados por um político para conceder medalha de “anjo” a outro membro da casa, ou na indicação semanal de quem deve deixar a casa? “Ah, meu voto vai para o candidato Aécio Neves, porque o candidato é mais jovem do que eu e presidência não é algo que se aprende ao ganhar”, diria o candidato a presidência John McCain.



Enfim, talvez a “Casa dos Políticos”, seja uma boa opção. Mas quem quiser conhecer e se divertir com as peripécias dos políticos pode assistir a TV Senado. Em alguns momentos pode causar sono, irritação, estresse, mas em outros, pode ser tão divertido quanto assistir o programa “humorístico” Zorra Total, acompanhado de uma “pizza” num sábado a noite, como por exemplo, no capítulo ocorrido em 2006, em que a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) contemplou a todos os brasileiros com sua dançinha. Mas não acredito que esse tipo de programa despertaria o interesse, aguçasse a curiosidade do eleitor brasileiro, já que não haveria exposição de nádegas, corpos sarados, beijos e sexo sob o edredom. Pelo fim do horário eleitoral “gratuito” seria uma maravilha, no entanto, nem tudo o que é de graça o povo quer.

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